sábado, 19 de abril de 2008

O PAÍS QUE TINHA APENAS UM CLUBE (Explicado às crianças)

Como sabemos, o futebol tem um sem número de facetas, tendo sido em tempos memoriais considerado uma actividade desportiva, derivando ao longo dos anos para áreas mais relacionadas com os negócios/negociatas, com a política/politiquice, com a geo-estratégia nacional e regional, entre outras áreas de cariz ainda mais obscuro.

Mesmo assim, como todos concordarão, o futebol nunca perdeu o seu carácter vincadamente regionalista, dando voz a todos os cidadãos e a todas as regiões de todos os países. Bastando para isso criar um clube de futebol - o clube da terra – e juntarmo-nos a ele (leia-se entrar para sócio).

Apesar de tudo, e tanto quanto sei, existe um certo país no mundo, e cujo nome não vem agora ao caso, que tem uma relação muito própria com o fenómeno desportivo, em particular com o futebol. Nesse país existe um clube que tem a veleidade de não ser apenas regionalista, ou seja, de ter adeptos e sócios na sua cidade de origem, mas também ter adeptos em outras cidades e regiões do país e arredores. Chega mesmo a vangloriar-se de deter 60% de adeptos em todo o país e tem a suprema ambição de, pasme-se, ter como adeptos todos os cidadãos desse país.

Ora, reduzindo este desiderato ao absurdo, levaria à própria negação do desporto/competição, ou seja, seria o país do clube único, autofágico, autocrático, sem competidores e, supremo desejo, sem nunca conhecer o amargo sabor da derrota. Os cidadãos desse país, ao longo das décadas foram-se juntando a esse clube na perspectiva segura, reconfortante e indolor de pertencer sempre ao lado dos vencedores, certos e certificados, ... vae victis (ai dos vencidos).

No entanto, os cidadãos desse país cedo aprenderiam que sem conhecer o amargo sabor da derrota nunca conheceriam o doce néctar da vitória. Não tinham ninguém com quem competir. Que significado tem a vitória sem se saber o que é uma derrota? O que seria do amargo sem o doce, do Yin sem o Yang, do bem sem o mal, do claro sem o escuro?

Ainda bem que no meu país as coisas não se passam assim. No meu país todos os clubes têm direito a serem campeões…