domingo, 26 de julho de 2009

AVALIAÇÃO DE PROFESSORES – Carta aberta à Dra. Manuela Ferreira Leite (PARTE I)


Cara Dra. Manuela Ferreira Leite,

É ponto assente que, com a vitória na eleições europeias, foram criadas duas situações de extrema importância para o futuro próximo do nosso país, a saber, muita azia em muitos estômagos que não têm estômago para estes julgamentos eleitorais do povo, e alguma chama de esperança no aparecimento de alguém que nos livre desta sistemática moagem de ouvidos ad nauseam, com tiques propagandísticos e algo totalitários de que estamos, note-se, completamente e totalmente fartos.

No entanto, este vislumbre de alguma esperança não chega para gerar uma verdadeira dinâmica de vitória pró activa, em vez de esperar pelos erros dos adversários, por sinal muito abundantes e de qualidade muito acima da média. Torna-se necessário apresentar propostas para os grandes temas estruturantes que lideraram as audiências nos últimos quatro anos, nomeadamente, os relativos aos grandes ódios de estimação do actual governo, os professores e a sua avaliação, os juízes e os seus dois meses de férias, e depois todos os outros mandriões ineptos, altamente privilegiados e com salários chorudos que constituem o restante tecido da sociedade portuguesa, militares, polícias, notários, enfermeiros, médicos, sapateiros (sim, sim, também estes têm estado a prejudicar o nosso desenvolvimento económico), etc. etc.

Assim, não basta dizer que o actual governo tem vindo a tratar mal todas as classes profissionais de que se lembrou, pois que, muitas outras haverá certamente, igualmente cheias de infames mandriões e meliantes. A dois meses das eleições legislativas há que dizer a todos, frontal e claramente, quais as soluções que V. Exa. pretende implementar na eventualidade de vir a ser primeiro-ministro.

Pelo lado que me toca, sendo eu um professor de formação, mas que não se encontra a leccionar há cerca de oito anos por estar nos serviços centrais do Ministério da Educação, preocupa-me mais, por conhecimento de causa, a questão relacionada com a tão propalada e famigerada avaliação dos professores. V. Exa. deverá estar já a pensar, tal como qualquer cidadão português que se preze, que seja bom chefe de família e que tenha opinião (como se sabe todo o bom português tem uma), que eu me encontro do lado dos que estão contra o facto de os professores serem avaliados (em princípio todos os professores e respectivos familiares). Nada mais errado.
(continua)